JULGANDO OS LIVROS PELAS CAPAS





Por Mirtes Oliveira

Se você é um leitor curioso como eu, deve ter observado, ao ver um filme de época ou ao visitar um sebo, por exemplo, que o estilo das capas dos livros varia de acordo com a época ou o tipo da edição.
A capa surgiu com a função pura de proteger o miolo dos livros que, então, eram confeccionados à mão. Era feita de couro, tecido e, no caso de livros medievais luxuosos, poderia conter ouro, prata e jóias. Em 1798, Nicholas-Louis Robert patenteou uma invenção que converteu a fabricação de papel em uma indústria de produção em massa. No século XIX, com a produção mecânica do papel e o surgimento da prensa mecânica, houve uma diminuição dos custos para a produção do livro. Além desses fatores, a encadernação mecânica, que substituiu a encadernação manual, não apenas diminuiu os custos, mas aumentou a velocidade da produção. E assim os livros foram ficando mais baratos, o que fez surgir a necessidade de se desenvolver uma estratégia para que esse barateamento não reduzisse o valor social e intelectual do livro. Foi aí que a capa deixou de servir apenas como proteção do miolo, ela se tornou um artifício de valorização de um produto. A capa começou a exercer uma função decorativa, trazendo desenhos, caligrafias, etc. Em 1940 estoura o mercado editorial no mundo, no final da Segunda Guerra Mundial, as editoras começaram a competir por mercado, foi aí que surgiram as edições em brochura (paperback) em contraponto às tradicionais edições em capa dura (hardcover). O boom das capas aconteceu entre 1940 e 1960. Até então elas não tinham ligação com a publicidade do livro e da editora, eram mais artísticas e existia mais liberdade em seu processo de criação. Foi quando, em 1960, a Penguin começou a publicar suas capas com imagens, o que contribuiu para o começo de uma competição por mercado entre editoras. Quanto mais bonitas e atrativas fossem as imagens das capas, mais espaço no mercado as editoras conseguiam.

Na época das vendas e dos livros digitais, a capa assume outra função importante, servindo para identificar e promover os livros online.

(Publicado no Jornal Contraponto em maio de 2014.)

Fontes:
Blog de Vitória Scritori: http://www.aviviu.com.br
Trabalho de mestrado de Ana Isabel Silva Carvalho: http://mdi.fba.up.pt/investigacao/anacarvalho.pdf

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