WILLIAM SHAKESPEARE – 450 ANOS
William Shakespeare nasceu e morreu em mês de abril.
O dramaturgo de Stratford-upon-Avon possuía uma capacidade,
até hoje por ninguém superada, de desnudar a essência humana através das
palavras. Fez isso de forma tão definitiva que, mais de quatrocentos anos
depois de terem sido escritas, suas obras continuam a falar a todos os tipos de
mentes, de qualquer lugar do mundo.
Nelas, Shakespeare nos apresenta o melhor e o pior de nossa condição
como o advogado mais honesto que jamais existiu, delegando a nós os julgamentos
e conclusões.
Shakespeare, invisível e até, creem alguns, impossível, permaneceu um
enigma, como se tivesse passado pelo mundo apagando os rastros que deixava. O
ator e diretor de cinema britânico Kenneth Branagh conta que, ao encenar ou
dirigir uma peça shakespeariana, nada consegue encontrar que aponte as opiniões
e intenções do autor, mas a atividade se torna para ele e para os colegas
atores um exercício profundo de autoconhecimento. Harold Bloom, professor,
crítico literário norte-americano e bardólatra assumido, diz que, ao
ler as obras de Shakespeare, devemos empenhar dedicação incansável, sabendo que
elas nos lerão com ainda mais energia. “Elas nos leem
definitivamente.” (BLOOM, 1998).
Sabemos que nasceu em 26 de abril de 1564, em Stratford-upon-Avon,
Inglaterra, que foi filho de um luveiro e conselheiro local, que se casou com
uma mulher chamada Anne Hathaway e teve três filhos: Suzanna, Hamnet e Judith.
Estudou na Escola de Gramática Rei Edward VI, onde, através do
estudo dos clássicos, conheceu o artifício do uso da língua para fins
persuasivos, talento que desenvolveria e aplicaria mais tarde, na criação de
suas obras.
Foi em Londres, por volta de 1590 que, junto ao seu grupo de atores,
começou a escrever suas peças. Elas eram encenadas no Globe Theatre para
espectadores de todas as classes e formações. Na época, as apresentações
no Globe consistiam em espetáculos sangrentos, geralmente de tortura
a animais grandes, e era muito comum, na plateia, a presença de prostitutas que
iam mais interessadas em seus encontros do que nas atrações. Foi nesse ambiente
onde ele começou a tentar inserir suas peças. Percebendo a fascinação humana
por sexo e violência, esses dois temas estão presentes em muitas de suas obras.
Há quem acredite que elas não foram escritas por ele, que são de autoria
de um grupo de pessoas que as escreviam e assinavam com o seu nome. Dr.
Jonathan Miller, diretor e ator de teatro britânico, brinca que, por termos tão
pouco dele e tanto de suas obras, é como se elas houvessem chegado à terra por
mãos alienígenas.
Responsável pela criação de ¼ da língua inglesa, a obra shakespeariana
traz 20 mil palavras distintas.
Shakespeare não acreditava que suas peças seriam encenadas por muito
tempo. Muito dos originais foram se perdendo e devemos grande parte do que
temos hoje às excelentes memórias dos atores que as encenavam.
Faleceu em 23 de abril de 1616, provavelmente de febre tifóide. Houve
boatos de que a febre que o matou foi fruto de uma grande ressaca. (HONAN,
1998).
É verdade que a Igreja da Santíssima Trindade, onde seu corpo está
sepultado, é mais visitada por seus admiradores do que por seguidores de
Cristo.
“Deus criou o homem.” - Segundo Harold Bloom, Shakespeare inventou o
humano. Bloom o considera o centro supremo do cânone literário ocidental. Em
uma de suas obras recentes (Jesus e Javé, Os Nomes Divinos, Objetiva, 2006),
compara Jesus a Hamlet, sua personagem mais famosa (batizada em homenagem a seu
filho Hamnet, que faleceu precocemente, aos 11 anos), e compara Javé a Rei
Lear.
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